Moçambique registra 17 mil mortes anuais por câncer de mama e colo do útero, aponta Ministério da Saúde

 

Maputo — Um relatório recente do Ministério da Saúde de Moçambique revela que o país continua enfrentando um peso significativo de câncer de mama e colo do útero, com aproximadamente 17 mil mortes registradas a cada ano. 

Os números destacam a importância de ampliar estratégias de detecção precoce, tratamento adequado e ações de prevenção, especialmente em áreas rurais onde o acesso aos serviços de saúde é mais restrito.

O levantamento apresenta um retrato preocupante: o câncer de mama e o colo do útero respondem pela maior parte das fatalidades oncológicas entre as mulheres moçambicanas. 

Embora haja avanços pontuais na oferta de serviços básicos de saúde, a mortalidade permanece alta, refletindo diagnósticos tardios e lacunas na continuidade do cuidado ao longo do percurso desde o rastreio até o tratamento.

Contexto e fatores de riscos 

Diagnóstico tardio: muitas mulheres chegam aos serviços de saúde já em estágios avançados da doença, reduzindo as chances de cura ou de controle da doença.

Acesso desigual aos serviços: a distribuição de unidades de saúde, equipamentos de diagnóstico e profissionais qualificados é mais estreita no interior do país, aumentando as barreiras ao rastreamento e ao tratamento.

Fatores preventivos: o câncer de colo do útero está fortemente ligado à infecção pelo HPV; a cobertura de vacinação e de rastreamento cervical ainda é insuficiente para interromper rapidamente a progressão da doença.

Influências sociais e econômicas: fatores como pobreza, baixa literacia em saúde, conflitos locais e deslocamentos afetam a adesão a programas de prevenção e a continuidade do tratamento.

Resposta do governo e caminhos para o futuro

Plano Nacional de Controlo do Cancro: o Ministério da Saúde tem enfatizado a necessidade de fortalecer a rede de diagnóstico, ampliar o rastreamento de câncer de mama e ampliar a disponibilidade de tratamentos oncológicos.

Ampliação do rastreamento e da prevenção: aumentar o alcance de programas de mamografia, exames clínicos e rastreamento cervical, bem como garantir a disponibilidade de vacinas contra o HPV para meninas em idade escolar.

Fortalecimento da cadeia de cuidados: melhorar a referência entre níveis de complexidade, assegurar acesso oportuno a cirurgia, radioterapia e quimioterapia, e investir na capacitação de profissionais de saúde especializados em oncologia.

Parcerias e financiamento: o avanço dessas ações depende de cooperação entre governo, sociedade civil e parceiros internacionais para financiamento sustentável, logística de suprimentos e campanhas de conscientização.

Impacto para as mulheres e para o sistema de saúde

Desigualdades de acesso: mulheres em zonas rurais e de menor renda são as mais atingidas pela mortalidade elevada, o que exige políticas públicas mais assertivas de equidade em saúde.

Custos humanos e sociais: as perdas por câncer de mama e colo do útero vão além da esfera médica, impactando famílias, comunidades e economias locais.

Oportunidade de melhoria: com investimentos estratégicos em prevenção, detecção precoce e tratamento, há potencial para reduzir significativamente a mortalidade e melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas.

Conclusão

Os números indicam uma agenda de saúde pública que precisa de continuidade e escalonamento: rastreamento acessível, vacinação contra HPV, diagnóstico oportuno, tratamento eficaz e suporte às pacientes ao longo de todo o percurso de cuidado.

Moçambique tem diante de si a chance de avançar com políticas mais bem definidas e financiamento estável para enfrentar o desafio do câncer de mama e do colo do útero e, assim, salvar milhares de vidas.

Next Post Previous Post
No Comment
Add Comment
comment url





sr7themes.eu.org