Renamo reivindica o título de "Pai da Democracia" para Afonso Dhlakama
Maputo, 7 de outubro de 2025 — Em uma manobra que mistura memória histórica e estratégia política, a Renamo informou nesta segunda-feira que pretende pleitear o reconhecimento público de Afonso Dhlakama como o “Pai da Democracia” de Moçambique.
A iniciativa foi apresentada durante a reunião do órgão dirigente do partido e já gerou uma onda de reações entre aliados, opositores e analistas.
Segundo o porta-voz da Renamo, a proposta tem como objetivo destacar o papel de Dhlakama na transição para eleições multipartidárias e nas mudanças constitucionais que moldaram a vida política do país.
“Acreditamos que a figura de Dhlakama é simbólica para o processo de reconciliação nacional e para a consolidação de um sistema democrático estável”, afirmou em nota enviada aos dirigentes do partido. A Renamo não especificou datas para lances oficiais ou cerimônias, limitando-se a indicar que a medida será discutida entre as alas internas do partido nas próximas semanas.
Reações iniciais vieram de diferentes frentes. Do lado governamental, representantes oficiais lembraram a importância do respeito ao debate democrático, ressaltando que qualquer reconhecimento público precisa obedecer a normas legais e institucionais.
“O Estado valoriza o pluralismo e a memória histórica, desde que os procedimentos sejam transparentes e conformes aos marcos legais”, comentou uma autoridade próxima ao gabinete. Do campo da oposição, analistas políticos apontaram que a proposta é, ao mesmo tempo, simbólica e estratégica, capaz de reacender debates sobre legado político, memória pública e reconciliação nacional.
Analistas destacam ainda que o movimento da Renamo pode influenciar o clima político nos próximos meses, especialmente no que diz respeito à narrativa sobre democracia e participação cívica.
“Tratando-se de uma figura histórica associada ao processo democrático de Moçambique, o tema tende a polarizar opiniões, mas também pode abrir espaço para um diálogo mais amplo sobre memória institucional e reconhecimento de lideranças”, comenta uma pesquisadora de ciência política.
Os próximos passos indicam que a Renamo planeja levar a demanda aos seus órgãos internos e, subsequentemente, apresentar uma proposta formal aos órgãos competentes para avaliação.
A resposta oficial do governo ou de outras formações políticas ainda não foi anunciada, mas analistas já sugerem que qualquer desdobramento envolverá discussões sobre critérios, legitimidade e simbolismo do reconhecimento.
Enquanto isso, as redes sociais fervem com interpretações diversas — de celebrações a críticas — sobre o que significa atribuir esse tipo de rótulo a um líder histórico. Em meio a opiniões distintas, a notícia reforça a ideia de que memória e política continuam entrelaçadas no debate público moçambicano, com a promessa de que as próximas semanas trarão novos contornos para a leitura do legado democrático no país.
